Ao meio dia chegamos e formos
recebidos no aeroporto pelo pessoal do transfer
e logo fomos para o escritório da companhia fazer a tramitação do embarque,
alfandega e escolha da mesa no salão de refeições. O embarque seria as 17h30,
com partida do porto as 19h45. Neste intervalo almoçamos em um restaurante
muito simpático e econômico na rua principal, chamado “La Cantina Fueguina do
Freddy”. Recomendamos a todos, pois eles servem uma centolla maravilhosa, que é
um caranguejo gigante típico da Patagônia. Ele não tem as pinças, é como se
fosse uma aranha marinha gigante.
De entrada comemos uma sopa de centolla e
como prato principal uma centolla ao queijo provolone com arroz tinto no
açafrão. Um manjar. Há vários pratos com este crustáceo. Nós que adoramos
caranguejo, não podíamos deixar de saborear esta maravilhosa iguaria.
Depois fomos caminhar pela rua
principal da cidade e aproveitamos para comprar e saborear o chocolate em
ramas. Uma maravilha que é vendida em várias lojas do centro a preços mais ou
menos iguais de um lugar a outro.
Aliás, todas as lojas têm os mesmos produtos, os mesmos preços, eleja uma e compre. Não deixe de comprar e saborear o chocolate em ramas, ao leite, amargo ou branco e as geleias de Calafate, que é uma frutinha típica da Patagônia e segundo reza a lenda, quem come Calafate, sempre retorna a Patagônia.
Aliás, todas as lojas têm os mesmos produtos, os mesmos preços, eleja uma e compre. Não deixe de comprar e saborear o chocolate em ramas, ao leite, amargo ou branco e as geleias de Calafate, que é uma frutinha típica da Patagônia e segundo reza a lenda, quem come Calafate, sempre retorna a Patagônia.
Para nossa alegria, uns dias
antes havia nevado nos picos altos de Ushuaia e a cidade estava envolta por
picos cobertos de neve. Uma visão maravilhosa. O dia não estava muito bom, sem
sol e nublado, mas mesmo assim conseguimos tirar várias fotografias. A
temperatura estava por volta de 8 graus centigrados, mas com a ventania a sensação é de 2
graus.
Aeroporto de Ushuaia
A cidade é bem movimentada,
simpática, agradável e amigável. Para uma cidade no “fin del mundo” ela sempre supera
nossas expectativas (esta é a segunda vez que a gente vem aqui). Um comércio
variado, com marcas famosas, lojas de vinho, cafeterias simpáticas, pubs e
muitas lojas de artigos esportivos para esqui, caminhadas, escalada e outros
esportes de aventura.
As 17h embarcamos no porto, rumo
a nosso barco. Fomos muito bem recebidos pela tripulação atenciosa e elegante.
O barco é maravilhoso, tem 3 andares de cabines, todas com janelas para o
exterior, banheiros privativos, com secador de cabelo, água quente, lençóis
macios, decoração primorosa. O detalhe do secador de cabelos é importantíssimo,
pois serve muito quando chegamos das atividades fora do barco, molhados de chuva e mortos de frio.
Nossa cabine, no 3 piso, foi a de número 320. Todos os andares muito bem decorados, com salões maravilhosos, telas de projeção, biblioteca e o melhor: sem acesso a internet e celulares. Seriam quatro dias dedicados a nós e a natureza maravilhosa da Patagônia. Iniciamos com as boas vindas do capitão e da tripulação. Com coquetel de boa vindas: petiscos e bebidas a vontade. Logo a seguir uma palestra de segurança a bordo e apresentação da programação.
Nossa cabine, no 3 piso, foi a de número 320. Todos os andares muito bem decorados, com salões maravilhosos, telas de projeção, biblioteca e o melhor: sem acesso a internet e celulares. Seriam quatro dias dedicados a nós e a natureza maravilhosa da Patagônia. Iniciamos com as boas vindas do capitão e da tripulação. Com coquetel de boa vindas: petiscos e bebidas a vontade. Logo a seguir uma palestra de segurança a bordo e apresentação da programação.
Interior de nossa cabine |
Iniciamos a navegação, de forma
tranquila, sem nenhum movimento de ondas, com paisagens magníficas passando por
nossa janela. Às 20 horas foi servido o jantar. Magnífico. Entrada: Salada de
Centolla Natural, servida com cuscuz marroquino. Posteriormente foi servida uma
sopa de crustáceos com legumes. O prato
principal tinha duas opções: carne vermelha ou peixe. Optamos por um filet de
salmão grelhado servido com vegetais cozidos ao molho de queijo. A sobremesa
foi um crepe suzete com sorvete de calafate.
Tudo regado a um maravilhoso
vinho chileno, tinto ou brando, sucos, coquetéis ou outra bebida. Encerrando
com um café expresso ou chá de ervas.
O dia anoiteceu as 22h12. E não
ficou uma noite fechada e escura como estamos acostumados aqui no Brasil. Há simplesmente
uma diminuição da claridade. E as 04h12 o dia já está amanhecendo. No início
ficamos um pouco perdidos com tanto dia e tão pouca noite, mas logo a gente se
acostuma.
No segundo dia bem cedo, por
volta das 05h iniciaram-se os primeiros movimentos do barco. Movimentos longos,
sem muita marola. As 6h já estávamos no 5º andar prontos para nossa primeira aventura:
descida na mítica Ilha Hornos, no cabo Hornos, com várias ilhas. Este local foi
declarado pela UNESCO, em 2005, como “reserva mundial da biosfera”. Muitas
histórias se contam deste local tão remoto do planeta. Muitos naufrágios
aconteceram neste local e muitos homens perderam suas vidas ai. Algumas
expedições levaram entre 90 e 120 dias para contornar este local, onde, com a
ajuda da tecnologia em 2 ou 3 horas o percurso é feito. O local é bastante ermo
e isolado, com dezenas de ilhas.
Nossa descida iniciou com as orientações
de segurança, e um bando de turistas vestidos de coletes salva-vidas e enormes
máquinas fotográficas se amontoavam para entrar nos barcos de borracha (14 por
cada vez) e partir para a ilha onde tem um farol e onde habita uma família de
um oficial chileno. Ali também tem um monumento muito interessante, inaugurado
pela então presidente do Chile, Michelle Bachelet, como forma de assegurar a
presença do Chile neste local. O local só é visitado pelos passageiros deste
cruzeiro e por oficiais da marinha chilena. É o local habitado mais a sul do
continente antes de chegar a Antártida. O acesso é por um píer improvisado e
subida de uma escada com 160 degraus e passarelas bem conservadas que levam ao
monumento e ao farol, onde tem também a casa do oficial e sua família e uma
pequena tenda de souvenires com o carimbo do cabo de Hornos. Preparem-se para muito vento e frio. O acesso
ao local por meio de barcos de borracha é muito tranquilo e rápido, com total
segurança e apoio da tripulação. Um passeio maravilhoso que nos renderam muitas
fotos.
Retornamos ao barco para o café
da manha e posteriormente tínhamos a opção de assistir a um filme sobre
expedições na Patagônia e palestras sobre gelo e flores da Patagônia ou
simplesmente dormir na cabine olhando pela janela os picos nevados. Havia
também a opção de ficar no bar comendo e tomando uma grande variedade de
bebidas, servidas por simpáticos garçons. Optamos por assistir a palestra sobre
as flores e o gelo.
À tarde já estávamos a postos para novo desembarque na Bahia Wulaia, lugar com muitas lendas e histórias. Foi neste local que o capitão inglês Fitz Roy, juntamente com o naturalista Charles Darwin tiveram contato com os aborígenes yaghanes. Estes aborigenes viviam nus neste local tão inóspito e frio. Para se protegerem tinham uma estrutura óssea diferente e untavam seus corpos com gordura de baleia e outros animais. Em suas anotações, Darwin descreveu os Yámanas como "criaturas pequenas (...), rudes, figuras de pernas torcidas, com tronco quase reto e sem cintura". Constatando as diferenças físicas entre índios e europeus, mais tarde o naturalista concluiria que ambos pertencem à mesma espécie, mas que evoluíram de formas distintas. Os Yámanas viviam em acampamentos nas praias, utilizando canoas feitas de casca de árvore para navegar. Era na Baía Wulaia que eles se abrigavam para suportar o inverno rigoroso da região. Eram nômades e se alimentavam de lobos e leões-marinhos que caçavam, além de sardinhas, moluscos e guanacos.
Vista da Baia de Wulaia |
Vista da Baia de Wulaia |
Na parte baixa,onde a gente chega a ilha, há uma construção que abriga um pequeno museu com muitas informações entre as quais a seguinte: "como os ingleses queriam civilizar a população local, na segunda viagem do Beagle em 1831, o capitão Robert Fitzroy trouxe de volta um índio que eles tinham raptado na primeira expedição à Terra do Fogo. Seu nome era Orundellico, mas na Inglaterra ele acabou virando Jeremy Button. Todos os ingleses achavam que ele era um sujeito fácil de lidar, muito bonzinho. E foi esse Jeremy Button – ou melhor, esse Orundellico – que veio para ajudar os ingleses a civilizarem seus parentes, seus amigos, sua tribo. Só que não demorou muito para ele arrancar suas roupas e voltar a usar seus cabelos compridos. Em 1855 ele liderou uma revolta em massa, que estraçalhou praticamente todos os ingleses que estavam na missão. Aí os ingleses perceberam que Jeremy Button continua mais Orundellico que nunca".
Por volta de 1830, duas famílias vieram morar neste local e deram início a uma fazenda com bois, porcos e ovelhas. Porém, as condições climáticas do lugar fizeram com eles abandonassem o local e deixassem para trás os animais. Os porcos sobreviveram e se tornaram selvagens.
A caminhada leva à parte alta da
montanha, e pelo caminho vamos conhecendo os representantes da flora, tão
específica destas latitudes e altitudes.
Evento digno de nota é a atividade dos
castores que, com o uso apenas dos dentes cortam árvores de grande porte para
construir suas casas e abrigos. O corte de árvores é também uma atividade para
gastar os dentes. Os ninhos dos castores são bonitos de se ver, mas o estrago que estes
roedores fazem tem se tornado um problema. O castor não é natural da
região e constrói diques para se proteger dos predadores.Porém,não há predadores por lá e assim, a quantidade destes animais é muito grande e tem aumentado bastante. "É necessário uma ação do governo porque eles provocam uma
verdadeira destruição", explica nosso guia.
Do alto da montanha é possível ter uma ampla vista da baía de
Wulaia, cercada pelos picos nevados envoltos em neblina. Nosso barco é apenas
um ponto na borda da baía.
A caminhada serve, além de ver e
sentir o ambiente, para queimar a grande quantidade de comida que se ingere no barco.
Uma viagem destas é um verdadeiro regime de engorda. Comida em abundancia e a
todo o momento. A caminhada foi maravilhosa e nos renderam boas fotos e
momentos inesquecíveis.
A noite tivemos outro maravilhoso
banquete gastronômico. E vale fazer um parêntese sobre o casal que compartilhou
a nossa mesa. Ellinor e Anders, um jovem casal da Suécia. Fomos os primeiros a
escolher a mesa e eles “nos escolheram”, pois acharam que um casal do Brasil
poderia ser mais interessante que os demais passageiros (indianos, noruegueses,
italianos, ingleses, mexicanos, argentinos, entre outros). Muito simpáticos,
inteligentes, dispostos a entenderem e se fazerem entender. Uma maravilhosa
companhia nas diversas refeições que partilhamos.
A paisagem da janela de nossa cabine
era magnífica. A maioria das vezes, navegamos entre montanhas com picos nevados
ou montanhas cobertas por vegetação frondosa. Não fechamos as cortinas em
nenhum dia e ficávamos a vontade na cabine, pois o território é inabitado.
No dia seguinte foi a vez de
visitarmos uma geleira e, diferente do que pensávamos, não pudemos caminhar
sobre ela (uma pena). Foi uma visão maravilhosa. Desembarcamos debaixo de uma
chuva forte e fria e caminhamos pela praia por uns 400m até entrarmos por um
vale e deparar com aquela estrutura de gelo gigante, avançando sobre o vale.
Apesar do frio (6 graus), das roupas molhadas e da neblina bem baixa, a
experiência foi maravilhosa. As imagens falam mais que as palavras. O retorno
da geleira para a praia foi feito pelo bosque, com os pés enfiados na lama, com
os cheiros e sons da mata, a umidade elevada.
Nossa noite de despedida foi
magnífica, com um jantar primoroso, despedida do capitão e brinde com champanhe.
Nosso ultimo dia seria puxado, pois já pela manha teríamos a descida a Ilha Magdalena, um santuário de pinguins, lobos marinhos e muitas aves, próximo a Punta Arenas, nosso destino final. Mas, o mar não queria conversa e as ondas muito altas, além de balançar muito o barco e deixar parte dos passageiros mareados (eu inclusive), não possibilitava a descida à ilha. Era muito arriscado e o comandante deu-nos a triste noticia que o passeio estava suspenso. Só ficamos olhando de longe e fotografando da parte externa do navio, debaixo de um frio torturante.
Nosso ultimo dia seria puxado, pois já pela manha teríamos a descida a Ilha Magdalena, um santuário de pinguins, lobos marinhos e muitas aves, próximo a Punta Arenas, nosso destino final. Mas, o mar não queria conversa e as ondas muito altas, além de balançar muito o barco e deixar parte dos passageiros mareados (eu inclusive), não possibilitava a descida à ilha. Era muito arriscado e o comandante deu-nos a triste noticia que o passeio estava suspenso. Só ficamos olhando de longe e fotografando da parte externa do navio, debaixo de um frio torturante.
E assim, retornamos a Punta
Arenas, onde desembarcamos tranquilamente, as 11h, com uma temperatura de 10
graus e um vento torturante. Como nosso voo para Santiago só sairia as 22h,
deixamos nossas malas no escritório da companhia que nos trouxe no cruzeiro e
fomos conhecer a agradável cidade de Punta Arenas, com sua história, beleza e
atrativos. Em breve colocaremos um post sobre esta linda e fria cidade.